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sexta-feira, 1 de março de 2013

Ex-estagiário de Tite brilha e inova contra regulamento esdrúxulo em Santa Catarina

Redação - ESPN.com.br


Nem Avaí, nem Figueirense, nem Criciúma. Quem dá as cartas no futebol de Santa Catarina até o momento em 2013 é a Chapecoense, e tudo sob a direção de um ex-estagiário de Tite. Aos 43 anos, o técnico Gilmar Dal Pozzo tem até discurso parecido com o hoje colega de Corinthians. "Priorizo sempre a con-ti-nui-da-de", afirmou em entrevista ao ESPN.com.br.

Catarinense de Quilombo, o treinador chegou à equipe de Chapecó em setembro de 2012, conseguiu o acesso para a Série B e já ganhou o primeiro turno do estadual, isso com uma rodada de antecedência, cinco pontos à frente do segundo colocado, o Figueirense, e tendo o melhor ataque (20 gols feitos) e a melhor defesa (oito gols sofridos) da competição. 

Gilmar Dal Pozzo era apenas Gilmar nos tempos de jogador. Foi goleiro entre 1989 e 2007, tendo atuado, entre outros, por Pratense, Veranópolis, Marítimo-POR, Goiás, Santa Cruz e Caxias, no qual conquistou em 2000 o Campeonato Gaúcho sob o comando de Tite. Batia até pênaltis. 

"O primeiro foi no Caxias, em 1999... E um pouco do cabelo branco do Tite é porque eu batia pênalti", brinca, aos risos. "Mas ele aprovava, lembro que teve um Caxias e Avaí pela Copa do Brasil, teve um pênalti, e ele falou: 'vai tu bater'", relembrou Dal Pozzo.

Divulgação/Chapecoense
Gilmar Dal Pozzo, técnico da Chapecoense
Ex-goleiro, Gilmar Dal Pozzo também batia pênaltis

A transição para o banco de reservas se deu em 2008, quando assumiu o Veranópolis. As aulas com o 'mestre' começaram nesta época, quando passou um período acompanhando o trabalho de Tite no Internacional. Depois, com o amigo pessoal que é seu padrinho de casamento já no Corinthians, repetiu o 'curso' em duas oportunidades, a primeira em 2011, e a segunda em 2012.

"Quando ele estava no Inter, eu o acompanhava. Fiz estágio com ele lá. Depois fiz estágios com ele também no Corinthians. Quanto tempo durava? Sempre ficava uma semana junto", explicou Dal Pozzo, que não deixa de consultar o campeão mundial quando acha necessário.

"Sempre que tenho dúvidas, o consulto, sim. A gente se liga e fala. E todo final de ano a gente passa junto, com as famílias", disse. "Ontem [terça] mesmo eu estava falando com ele, sendo solidário pelo acontecido aí em relação ao Corinthians", acrescentou o pupilo.

Ousadia contra regulamento para não repetir exemplo Figueirense/Branco
Gilmar Dal Pozzo e Chapecoense não querem repetir o naufrágio de Branco [tetracampeão mundial com a seleção em 1994] e Figueirense no Catarinense de 2012, quando o clube venceu o primeiro e o segundo turno, mas acabou perdendo o título ao cair para o Avaí nos dois jogos da final. Para isso, técnico e diretoria tomaram uma decisão ousada.

"O que aconteceu com o Branco ano passado serve como lição para nós também. Nosso objetivo bem claro é preparar para o mata-mata no segundo turno, então vamos dar chance a alguns jogadores que não têm atuado, fazer algumas experiências e só dar uma acelerada, usar a equipe principal, nas quatro últimas rodadas", detalhou o técnico. 

Tudo isso porque o regulamento para as edições 2012 e 2013 do Catarinense prevê que mesmo que um time ganhe os dois turnos, ele não será campeão. O vencedor de cada metade da disputa garante vaga nas semifinais, caso da Chapecoense agora, e os dois melhores na soma geral dos turnos também vão às semifinais.  

"É ridículo, esse regulamento não existe, não premia nada, vamos disputar o segundo turno por disputar. E você não tem vantagem nenhuma na semifinal", criticou. Assim, a Chapecoense só usará força máxima em quatro dos próximos dez jogos do estadual. 

Planejamento e pés no chão

Gilmar Dal Pozzo acredita no trabalho, por isso recusa-se a falar da possibilidade de títulos ou mesmo de acesso à elite do futebol nacional. "Isso é jogo a jogo", disse. "Priorizo sempre a continuidade, prova disso é que fiquei quatro anos no Veranópolis", orgulha-se, antes de falar sobre o planejamento com a Chapecoense.

Divulgação/Chapecoense
Zagueiro de origem, Fabiano virou lateral direito e é a 'sensação' da Chapecoense segundo Dal Pozzo
Lateral Fabiano é a 'sensação' da Chapecoens, diz Dal Pozzo 

"Em relação aos rivais, adiantamos a preparação em uma semana para o estadual, começamos a trabalhar em 26 de dezembro. Da Série C para a Série B, vamos agregar valores, contrataremos alguns jogadores. Precisamos de quantidade e qualidade também, até porque a exigência da Série B é maior, mas valorizando sempre o grupo", explicou.

A pedido do ESPN.com.br, o treinador indicou àquele que vê como grande promessa do grupo que comanda na Chapecoense, que tem como jogador mais conhecido o experiente atacante Rodrigo Gral, de 36 anos e com passagens por Grêmio, Flamengo, Bahia. Não pensou muito para responder.  

"O Fabiano, é zagueiro de origem, mas foi improvisado na lateral direita. É a sensação! Acredito nele, pela idade [21 anos], pelo crescimento que está tendo, vejo ele como o Mário Fernandes [ex-Grêmio e atualmente no CSKA, da Rússia], que também era zagueiro e virou lateral", encerrou.

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